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Melindrosas reunidas. / Foto: internet |
Dias desses pela manhã eu ainda sonolenta vi uma reportagem sobre o carnaval, mais uma eu pensei, e por isso não prestei muita atenção, mas isso mudou quando ouvi uma pequena de no máximo dois anos e meio contanto a outra menina, por volta dos seis anos, que a entrevistava que estava vestida de melindrosa. A guriazinha repórter não entendeu o que era, pediu para a menor repetir, ela repetiu, mas nada de entender. Obviamente a bebezinha não sabia o significado de sua fantasia, e por incrível que pareça, nem mesmo os adultos presentes. Triste, já que as melindrosas tiveram um papel importante na revolução social da mulher.
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Cartaz do filme Flapper |
Antes das melindrosas, ser mulher era o mesmo que ser submissa. Espartilho, cabelos longos e obediência máxima ao marido era a sina de quem nascia do sexo feminino, porém a situação no final do século XIX e no começo do século XX esse cenário foi se alterando.
As melindrosas foram mais fortes no período entre as Guerras Mundiais, contudo foi perdendo força com o avanço da Segunda Grande Guerra.
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Olive Thomaz |
As melindrosas usavam corpetes ou sutiãs que apertavam seus seios deixando-os menores, também usavam vestidos largos no corpo, com altura até o joelho, saias com diferentes tipos de cós, também usavam calças (um absurdo para a época), e as blusas não tinham alças e mangas, o que as deixavam com os ombros a mostra. Os cabelos geralmente eram cortados na altura dos ombros ou na altura das orelhas, encaracolados, crespos ou lisos. A moda era inspiradas nas criações da estilista francesa Coco Chanel.
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Clara Bown |
Essas mulheres mantinham o ar feminino, a maquiagem era pesada no qual os lábios eram pintados em carmim em formato coração, os olhos pintados de negro, e as jóias, muitas pérolas, eram no estilo art decó. Todavia não perdiam o foco na luta pelos seus direitos. Lutaram para que todas pudessem votar, algo conquistado no Brasil em 1932, durante o mandato de Getúlio Vargas. Não apenas isso, muitas trabalhavam, não queriam casar, e lutavam para que todas pudessem escolher o que queriam fazer da vida. Aliás, para as melindrosas o sexo era algo casual, e dirigir um carro não era apenas para os homens.
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Matéria de Scorr Pierce sobre as Flappers |
Estima-se que este fenômeno foi inspirado no movimento das "Gibson Girls", de 1890, moças que apesar dos longos vestidos esbanjavam sensualidade e começaram a desenhar o perfil da mulher independente. Estas mulheres também inspiraram outro fato da moda: as pin-ups.
No Brasil a melindrosa mais famosa é a personagem Lu, do livro Memórias de um Gigolô (1968), de Marcus Rey.
Enfim, as flappers ou melindrosas foram essenciais para emancipação feminina. Foram elas que no auge do machismo ousaram em usar as roupas que mais lhe convinham, falavam palavrões, não tinham problemas com o sexo antes do casamento, tiveram o controle de natalidade e eram independentes financeiramente. Com a queda da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, e com a 2ª GM, na década de 1930, os tempos de festas acabaram e a moda e o estilo tiveram que se readaptar ao novo cenário mundial. A moda mudou, contudo o legado delas ficou.
*Atualizada, às 19h25
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