sábado, 31 de maio de 2014

QLQRUA: Maldita Fumaça

Imagem: Scribe 8
De repente aquele maldito cheiro entra na sala. Invade os quartos, o banheiro, a cozinha. Impregna nas cortinas. Se tiver roupa secando no arame, f*#@! Ficou o cheiro ruim no lugar do cheirinho do amaciante. O nariz coça, escorre. O pulmão não consegue mais filtrar o ar. Os olhos ardem e lagrimejam. A falta de ar é inevitável. MALDITA FUMAÇA!

Espirros e mais espirros. Ninguém merece ter uma crise de rinite por causa de um mal educado.

Fumaça é assim, invade a casa da gente sem pedir permissão. Droga, você certamente pensa quando isso acontece. Tudo fica com aquele cheiro maldito. Em plena revolução tecnológica as pessoas seguem um costume antigo de por fogo nas coisas que não prestam mais. O combustível da fogueira é variado.

Tem os que preferem atear fogo no amontoado de folhas secas que caem das árvores, nisto também incluem os troncos e galhos. Tem uma galera mais relaxada, pois o que bota a queimar é lixo do mais variado. E o pior ingrediente é a borracha, muitas vezes dos pneus velhos.

O ruim deste ato não é apenas o cheiro incomodo da fumaça. Ela é altamente prejudicial a saúde do que bota o fogo, como também de quem aspira a fumaça. Além de crime ambiental, podem ocorrer incêndios, já que basta que uma faísca de fogo atinja a rede elétrica.

Uma ação irresponsável, já que em tempos de coleta seletiva de lixo, o descarte através de fogueiras domésticas é no mínimo burra. Essa ação só aumenta a poluição ambiental, e se tratando de uma cidade metropolitana este momento poderia ser considerado crime.

O ar limpo é o ideal para o perfeito funcionamento dos nossos corpos. O ar limpo é o que garante a existência da vida no planeta. Em tempos em que o debate ambiental está tão quente, manter o mínimo de cuidado com a forma de descarte do lixo é o ideal. Não colocar fogo nos jornais velhos, folhas, galhos, pneus e etc é fazer a nossa parte.

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sábado, 24 de maio de 2014

QLQRUA: O gigante e a princesinha

Foto: internet
O gigante e a princesinha mais parece um título de contos de fadas, mas não é. O homem era alto deveria ter cerca de 2 metros de altura e tinha o corpo largo. Era careca e usava cavanhaque. No rosto óculos e nos braços muitas tatuagens. Vestia preto e colar de caveira. Parecia um rockeirão dos anos de 1980 comuns no cinema norte-americano. Ele parecia um gigante de cara malvada. Ela era pequena, delicada, tinha por volta dos dois anos, pele branquinha, bochechas rosadinhas, cabelinhos loiros enroladinhos. Usava um vestidinho rosa e meia-calça de renda branca. Falava misturando as letrinhas o que mostrava que ainda era um bebê.

As duas figuras se ligavam por um laço forte. Eles eram pai e filha. Ele cúmplice da menininha e ela dele. Aqueles dois seres tão diferentes se completavam de uma forma única.

O homem de gestos e aparência bruta encantava pelos gestos sutis quando lidava com a filha. Suas gigantes mãos seguravam a mamadeira enquanto despreocupadamente ela se alimentava, depois com os dedos segurava o lencinho para limpar a boca da criança. Quando o soninho infantil bateu, ele a segurou firme e com os braços cobertos por desenhos a embalava. O rostinho angelical escondido no pescoço do gigante pai era como se estivesse em um abrigo contra a luz do dia.

Quando o cochilo passou ela levantou a mãozinha e agarrou a barbicha do pai, ele sorriu. O gigante por sua vez acariciou o rosto da pequena com os dedos. Era um carinho leve, um momento em que os dois trocavam olhares, um momento só deles.

Nesta cena graciosa em que o gigante grotesco vira mais suave que uma fadinha sabemos que as aparências não apenas enganam como também nos escondem a verdade. Nos toques entre o homem e sua menina vemos o quão é simples o amor e o quão é mágico é a relação entre pai e filhos.

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sábado, 17 de maio de 2014

QLQRUA: Os tipos de motoristas mal humorados

Álbum de imagens
Quem nunca conheceu o mal humorado no trânsito é porque não andou de carro ou qualquer outro tipo de transporte no Brasil independente de congestionamento ou não. O mal humorado do trânsito, em geral, acha que ele está sempre certo e não tolera o mínimo de erro do motorista vizinho. Eu costumo classificar em três tipos: estressadinho, o estressadinho analista e o mala da buzina.

O estressadinho chega ser engraçado. Ele muitas vezes dirige na defensiva e se irrita com facilidade. Quando alguém corta a frente dele, ele põe a cabeça para fora do carro ou levanta a viseira do capacete e xinga, xinga muito! Se o carro do lado para e não faz sinal novamente a cena se repete. Porém a briga é menor, sai um "Seu Filha da Puta tem problema no sinal, vai no mecânico!" e segue a sua viagem. Estes em geral, na raiva do motorista inadimplente soqueia o volante, e vamos comemorar, pois antes o pobre volante do que uma briga que pode acabar em morte. O estressadinho não se irrita só com o trânsito, mas com tudo. Dirigir é só mais um ato massante do dia.

O estressadinho analista busca sempre o lado positivo das coisas, tem bom humor, porém isso não impede que ele se irrite com facilidade. O analista é o cara que pragueja o outro motorista, entretanto antes ele vê bem a situação. Cortou a frente dele, dobrou ou parou sem fazer sinal ele se enfurece, mas antes dá uma olhadinha. Se percebe que o cara é experiente acabou-se. Lá vem o "Seu alguma coisa, comprou a carteira, foi!?" Contudo, se vê que a criatura que guia mal o outro automóvel porque é novo no ramo, simplesmente sai como se nada houvesse acontecido. Na maioria das vezes não é conhecido por confusões, e nem sempre é o melhor motorista do mundo.

O mala da buzina é de todos o mais chato. Costumam aparecer em dias e horários de congestionamento. Imagina a cena, uma fila de carros a 10 km/h e logo ele atacara com o seu maldito "biiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii"! É como se a buzina fosse fazer os carros da frente voar para que ele pudesse dirigir pela via tranquilamente. O barulho do trânsito é ruim e para ajudar vem ele é a sua buzina irritante. Já ouvi dizer que são eles os mais propícios a infartos, pois a eles então recomento escutar música para acalmar. Dos buzineiros há os encrenqueiros, que saem do carro para reclamar e não suportam erros. São apressados e costumam se acidentar.

Não é difícil reconhecer estes tipos, basta observar ao redor ou pegar uma carona. É engraçado, mas é perigoso. Nas atitudes do motorista existe ameaça. No stress do dia a dia uma simples discussão pode acabar em morte. As atitudes não pensadas podem acabar em tragédia. O trânsito pode ser bem mais seguro se a ansiedade for posta de lado.

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sábado, 10 de maio de 2014

QLQRUA: _Tia tem 'figulinha'?

Basta um olhar nas redes sociais ou prestar a tenção nas conversas de rodas de amigos e perceber que o Álbum da Copa do Mundo virou mania nacional.  Mas o assunto me chamou mais a atenção quando fui em uma loja e logo atrás de mim entrou uma garotinha espoleta querendo comprar algo. Ela foi até o balcão do caixa e sem esperar muito ela soltou:

_Tia tem 'figulinha' da Copa?

A atendente então olhou e não enxergou a dona da voz fofa que botou o "l" no lugar do "r" na palavra figurinha. Então ela sai de trás dele e encontra uma garotinha de mais ou menos quatro anos, com as mãozinhas cheias de moedas.

_Tem moça? Indagou ela com seus olhinhos azuis arregalados. Na carinha de bochechas rosas a esperança de que seu pedido fosse atendido.

A vendedora sorriu e disse que sim. Mas explicou para a mãe da garota que não são do álbum oficial. A mulher que acompanhava a pequenina disse que não tinha importância, já que era esse mesmo o álbum que ela estava montando.

O dinheiro tinha sido juntadas pela menininha que não podia ver moedas perdidas em casa que dizia que eram dela. Guardava com cuidado em uma gavetinha e ficava furiosa se mexessem no lugar. Deixou de comer balas para poder ficar com o dinheiro, só não deixou de pedir chocolate. Começou a colecionar depois que viu o irmão com um álbum da Copa (o oficial) e achou aquilo incrível. Colar fotinhos na revistinha era uma atividade divertida. Pediu um para a mãe, pois queria ter também. A mãe sabia que a filha não ia ser a mais cuidadosa e por isso optou pela versão mais simples.

_Aqui moça o 'dinhero'! A vendedora agradeceu e contou as moedas. Os cinquenta centavos em moedinhas de cinco e 10 dariam dois pacotinhos. A mãe então tirou do bolso mais R$ 1,10 e deu para a outra mulher de forma que a guriazinha de bochechinhas rosadas não visse.

A balconista alcançou os seis pacotinhos para a menina. Ela deu um sorrisão e saiu com as embalagens nas mãozinhas. Antes soltou um MÃE bem alto e pediu para pegar o álbum na mochila. A mãe lhe deu, mas explicou que ali não era o lugar para colar os cromos.

Ela obedeceu, botou o álbum rabiscado embaixo do braço, de maneira meio desengonçada, e botou as embalagens no bolsinho do casaco. Deu a mão para mãe e com a outra abanou a vendedora. _ Tchau moça, outro dia volto!


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quarta-feira, 7 de maio de 2014

Lista de convocados para Seleção Brasileira para Copa do Mundo 2014

Saiu a convocação dos jogadores que irão representar a Seleção Brasileira na Copa do Mundo Brasil 2014. A lista abaixo:

Zagueiros: Dante (Bayern de Munique), David Luiz (Chelsea), Henrique (Napoli) e Thiago Silva (PSG); Goleiro Júlio César (Toronto), Jefferson (Botafogo), Victor (Atlético-MG) ; Laterais Daniel Alves, Maicon, Marcelo, Maxwell; MEIAS: Paulinho (Tottenham), Fernandinho (Manchester City), Ramires (Chelsea) e William (Chelsea); Neymar (Barcelona), Fred (Fluminense), Jô (Atlético-MG) e Hulk (Zenit).



terça-feira, 6 de maio de 2014

Minha pequena homenagem a Mário Quintana

Acho que ainda da tempo de prestar a minha homenagem a Quintana. Ai vai: 

Há 20 anos eu não perdi Mário Quintana eu ganhei o poeta. Foi graças a despedida, que a turma da segunda série da manhã (eu estudava na mesma sala de tarde) fez um cartaz com parte da "Rua dos Cataventos". Interessada naquilo que estava escrito fui atrás da continuidade. Eu tinha acabado de aprender a ler sozinha na velocidade ideal. Na biblioteca tinha o livro com o poema e eu me deliciei naquelas palavras.

Quando avancei para a segunda eu encarei o preconceito. Agora não mais com meus coleguinhas, mas comigo mesmo. Meu jeito molequinha, criativa, curiosa e amiga de todo mundo do colégio virou alvo de críticas. Fui parar na psicóloga da escola. Ela disse para a minha mãe que o fato de eu não pertencer a nenhum  grupo era estranho, além da minha criatividade ser excessiva o que seria prejudicial. Era melhor me esconder os gibis e evitar que eu lesse ou assistisse o jornal. Minha mãe não topou. O que Quintana tem haver com isso? Me ajudou a superar a tristeza, não é fácil para uma criança ser chamada de estranha. As poesias me fizeram me sentir especial e não diferente. Me ensinou que ser fora dos padrões é o que torna as pessoas mágicas.

Se em 1994 as pessoas perderam um ídolo eu ganhei um poeta, o melhor de todos, o autor que mais admiro. Não o conheci em vida, mas na eternidade. 

Se hoje sou o que sou é porque em mim há muito de Quintana. Se hoje Porto Alegre é mais feliz foi graças a este prêmio que ganhou. Seres humanos como Mário Quintana são imortais. 

"Eu nada entendo da questão social.
Eu faço parte dela, simplesmente...
E sei apenas do meu próprio mal,
Que não é bem o mal de toda a gente"
(trecho de A rua dos cataventos)

sábado, 3 de maio de 2014

QLQRUA: Perto de você pode ter uma criança ou adolescente sendo vítima de agressão

Imagem: Página Global
Bernardo, Alex, Clarinha... Perto de você pode ter uma criança ou um adolescente sendo vítima de algum tipo de agressão. Parece exagero, mas não é. De acordo com dados da Secretária de Direitos Humanos da Presidência da República, em 2013 a cada hora 15 crianças sofrem agressões físicas, morais ou sexuais. Só no ano passado a Secretária recebeu 170 mil denúncias.

Gela a alma só de pensar nestes números, pois eu sinto lhe informar que os próximos dados são os piores. A violência que atinge os menores não vem da rua, mas sim de dentro de suas casas. Das denúncias registradas, 53% os acusados foram os pais.

Revolta pensar que aqueles que deveriam proteger são os principais agressores. Ainda dentro do núcleo familiar, depois dos pais, os criminosos são tios, primos, padrasto/madrasta, irmãos. Os que deveriam ensinar são os que maltratam.

Por uma questão social as denúncias quando chegam são tarde. A cultura do tapa prevalece. Mas seria ignorância acreditar que apenas a palmada fosse considerada o castigo. O problema é que estes seres em formação apanham de cinto, de fio de luz e sei lá com o que mais. O castigo físico que vem caracterizado como algo que é para ensinar. Além disso, vem as ofensas morais e também se enquadram no quesito. Assim como a surra, os xingamentos deixam marcas. Muito maiores no ego e na personalidade do que no corpo.

Lucas*, 13 anos, considerado tímido e um pouco destrambelhado sabe bem como são essas cicatrizes. Em 2012 ele foi encaminhado a Delegacia de Direitos da Criança e Adolescentes, pela escola, com as mãos muito machucadas. Ele havia quebrado o vidro da porta do armário ao fechá-la com muita força. Como castigo a mãe bateu nas mãos dele com fios de luz. Aquela não havia sido a primeira agressão, antes o menino já tinha apanhado inúmeras vezes. Nas costas ainda tem as marcas de surras. A professora já desconfiava das agressões e quando ele chegou machucado e pedindo ajuda, não pensou duas vezes e denunciou a mãe. Lucas não tem vergonha das marcas, porém não confia em quase ninguém. Sente medo de todos que se aproximam dele.

Podemos dizer que o número de agredidos aumentou, porque as denúncias cresceram. É bem provável que isso não reflita a realidade, contudo mostra a evolução da sociedade. Os brasileiros perdem aos poucos o medo e deixam de pensar que problemas familiares de seus vizinhos não são de suas contas. Temem pela vida do próximo. E com a criação do Disque 100 a maneira de denunciar a violência ficou mais fácil, além de garantir o anonimato.

Garantir uma qualidade de vida digna para as crianças e adolescentes é o nosso dever. Denunciar é um ato de amor ao próximo.

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*Lucas é um nome fictício, pois quem teve a história contada é menor de idade. Além disso, hoje ele mora com os avós e deve ter a sua identidade preservada para não ser mais exposto.

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