sábado, 16 de abril de 2016

#Conto O reino de Brasurdo

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Era um reino tão bonito o Brasurdo! Tinha águas doces e cristalinas por todo canto, terras férteis para plantar, cada região uma comida diferente. As árvores frutíferas tinham aos montes, de todos os tipos e de todos os tamanhos. Tinha banana, laranja, morango, jaca, mamão, uva, maracujá, guaraná, açaí, bergamota...

O povo era composto por pessoas diferentes de culturas diferentes, que se completavam. Eram todos muito felizes e com peitos inflados de esperança. Era um paraíso na terra para quem via pela primeira vez. Mas apenas uma ilusão. 

Ao observar o reino Brasurdo de perto o estrangeiro sente um nó a apertar na garganta. O povo de sorriso fácil não era tão feliz assim, a esperança só existia. 

A educação dos pequenos estava sucateada pelo esquecimento dos gestores de nível estadual e municipal. As pessoas estavam reféns e presas dentro de suas próprias casas, já que caminhar pelas ruas não era mais seguro em virtude de assaltos e sequestros. Nem quem é muito pobre escapa, e vê o pouco que tem ser levado por quem deveria estar preso. 

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O trânsito já não estava tão transitório assim, pois houve um aumento gigantesco de carros na rua. Carros com seguros caros, pois quando são roubados raramente voltam inteiros aos donos. 

Nas esquinas movimentadas os vendedores de drogas ilícitas não tinham mais medo nem vergonha de realizar seus negócios. O tráfico rolava solto em algumas regiões. 

Jovens, a maioria meninos da periferia, eram mortos sem motivo. Alguns por terem envolvimento com tráfico, outros por ser trabalhador, entanto muitos por estar no lugar errado na hora errada. É bandido que aperta o gatilho, seja ele quem fosse. Nem quem deveria proteger a sociedade realiza seu trabalho. 

O preconceito, de todas as formas, se mostrava nítido. Não apenas na internet, socialmente, não apenas por pessoas comuns, mas alguns políticos também demostravam ódio ao diferente em discursos.

Os rios e lagos morriam aos poucos nos grandes centros urbanos. Nem o mar se salvava. Mas até no campo, onde a população retirava o seu pão, conseguiu sobreviver a ganância. Uma empresa enorme não levou em consideração a avaliação que dizia que o estoque de dejetos da usina romperia. Disseram os diretores “não é nada, vai suportar até o novo estoque ficar pronto (daqui duas décadas)”. Só que o estoque não suportou, rompeu, tirou vidas, destruiu cidades, matou o rio, acabaram os peixes. Pescadores, índios... Todos daquela região perderam trabalho e meio de sobrevivência. 

A tragédia chocou todos, principalmente porque o povo sabia que aquilo não era acidente. Porém os governantes daquele reino pouco se importaram, pois o foco deles é destituir do trono a imperatriz. 

A imperatriz, escolhida pelo povo de Brasurdo, pediu tantos empréstimos que deu um problema no caixa do governo, e bem, ela não contou isso. Alguns dos seus apoiadores foram flagrados desviado dinheiro de empresas do império, assim como outros políticos foram pegos em investigações da Polícia Imperial. A mesma investigação descobriu também fraudes nos governos imperiais anteriores. 

Como a imperatriz não era boa na fala, seus apoiadores sendo investigados pela justiça, formou-se uma comissão para tirá-la do poder. Uma bagunça total. Já que essa comissão que a julgaria era composta por investigados. E justamente aqueles que eram réus poderiam assumir o poder de Brasurdo. 

Nos jornais do reino não se falava em outra coisa, era como se apenas o assunto destronar a imperatriz existisse no país. E pior, eles escolheram um lado e em vez de noticiarem, só demostravam matéria mais matéria o apoio a queda. Os políticos só se importavam com isso, enquanto o império vivia uma forte crise econômica e o povo aos poucos definhava de fome, com a educação com uma péssima qualidade, sem segurança e sem emprego.

Nas ruas movimentos pró e contra a queda da imperatriz. No meio disso tudo muitas pessoas que nem mesmo sabiam direito o que acontecia. 

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Enquanto a votação não saia, enquanto o medo dos corruptos no poder continuava, a bagunça no governo imperial e nos governos regionais se mantinha quem sofria eram os brasurdianos. E os problemas, muitos fáceis de resolver seguiam. Afinal os problemas sociais importavam menos a grande maioria dos políticos, já que o que eles queriam era viver, como diz o dito popular, mamando nas tetas do governo.


*Este conto foi escrito no dia 16 de abril de 2016  e qualquer relação com a realidade não é mera coincidência 

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