terça-feira, 6 de maio de 2014

Minha pequena homenagem a Mário Quintana

Acho que ainda da tempo de prestar a minha homenagem a Quintana. Ai vai: 

Há 20 anos eu não perdi Mário Quintana eu ganhei o poeta. Foi graças a despedida, que a turma da segunda série da manhã (eu estudava na mesma sala de tarde) fez um cartaz com parte da "Rua dos Cataventos". Interessada naquilo que estava escrito fui atrás da continuidade. Eu tinha acabado de aprender a ler sozinha na velocidade ideal. Na biblioteca tinha o livro com o poema e eu me deliciei naquelas palavras.

Quando avancei para a segunda eu encarei o preconceito. Agora não mais com meus coleguinhas, mas comigo mesmo. Meu jeito molequinha, criativa, curiosa e amiga de todo mundo do colégio virou alvo de críticas. Fui parar na psicóloga da escola. Ela disse para a minha mãe que o fato de eu não pertencer a nenhum  grupo era estranho, além da minha criatividade ser excessiva o que seria prejudicial. Era melhor me esconder os gibis e evitar que eu lesse ou assistisse o jornal. Minha mãe não topou. O que Quintana tem haver com isso? Me ajudou a superar a tristeza, não é fácil para uma criança ser chamada de estranha. As poesias me fizeram me sentir especial e não diferente. Me ensinou que ser fora dos padrões é o que torna as pessoas mágicas.

Se em 1994 as pessoas perderam um ídolo eu ganhei um poeta, o melhor de todos, o autor que mais admiro. Não o conheci em vida, mas na eternidade. 

Se hoje sou o que sou é porque em mim há muito de Quintana. Se hoje Porto Alegre é mais feliz foi graças a este prêmio que ganhou. Seres humanos como Mário Quintana são imortais. 

"Eu nada entendo da questão social.
Eu faço parte dela, simplesmente...
E sei apenas do meu próprio mal,
Que não é bem o mal de toda a gente"
(trecho de A rua dos cataventos)

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