sábado, 10 de maio de 2014

QLQRUA: _Tia tem 'figulinha'?

Basta um olhar nas redes sociais ou prestar a tenção nas conversas de rodas de amigos e perceber que o Álbum da Copa do Mundo virou mania nacional.  Mas o assunto me chamou mais a atenção quando fui em uma loja e logo atrás de mim entrou uma garotinha espoleta querendo comprar algo. Ela foi até o balcão do caixa e sem esperar muito ela soltou:

_Tia tem 'figulinha' da Copa?

A atendente então olhou e não enxergou a dona da voz fofa que botou o "l" no lugar do "r" na palavra figurinha. Então ela sai de trás dele e encontra uma garotinha de mais ou menos quatro anos, com as mãozinhas cheias de moedas.

_Tem moça? Indagou ela com seus olhinhos azuis arregalados. Na carinha de bochechas rosas a esperança de que seu pedido fosse atendido.

A vendedora sorriu e disse que sim. Mas explicou para a mãe da garota que não são do álbum oficial. A mulher que acompanhava a pequenina disse que não tinha importância, já que era esse mesmo o álbum que ela estava montando.

O dinheiro tinha sido juntadas pela menininha que não podia ver moedas perdidas em casa que dizia que eram dela. Guardava com cuidado em uma gavetinha e ficava furiosa se mexessem no lugar. Deixou de comer balas para poder ficar com o dinheiro, só não deixou de pedir chocolate. Começou a colecionar depois que viu o irmão com um álbum da Copa (o oficial) e achou aquilo incrível. Colar fotinhos na revistinha era uma atividade divertida. Pediu um para a mãe, pois queria ter também. A mãe sabia que a filha não ia ser a mais cuidadosa e por isso optou pela versão mais simples.

_Aqui moça o 'dinhero'! A vendedora agradeceu e contou as moedas. Os cinquenta centavos em moedinhas de cinco e 10 dariam dois pacotinhos. A mãe então tirou do bolso mais R$ 1,10 e deu para a outra mulher de forma que a guriazinha de bochechinhas rosadas não visse.

A balconista alcançou os seis pacotinhos para a menina. Ela deu um sorrisão e saiu com as embalagens nas mãozinhas. Antes soltou um MÃE bem alto e pediu para pegar o álbum na mochila. A mãe lhe deu, mas explicou que ali não era o lugar para colar os cromos.

Ela obedeceu, botou o álbum rabiscado embaixo do braço, de maneira meio desengonçada, e botou as embalagens no bolsinho do casaco. Deu a mão para mãe e com a outra abanou a vendedora. _ Tchau moça, outro dia volto!


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