sábado, 11 de abril de 2015

#QLQRUA: Mudar em nome da vida

Imagem da internet
Todos os dias aquela mulher que aparenta ter uns 50 anos aparace no portão da escola como se estivesse entrando em um matadouro e que a próxima a ser assassinada era ela. Nesta situação desesperadora, ela não se encontra sozinha, inúmeras pessoas de diferentes profissões estão na mesma. Veja só aquele médico. Uns 40 anos, talvez, não sabe o que é examinar criteriosamente um paciente faz anos. Já errou feio, pois faz diagnósticos muito mais pela dedução do que pela certeza.

Aquele jornalista de humor cretino, resmungão. Ele é outro, enfurnado dentro da redação, fede a cigarro e café. Em casa só reclama, nem mesmo sabe o porquê continua casado. A recepcionista que esqueceu o que é sonhar, odeia todos que chegam perto daquele maldito balcão. Mas não reclama, é cômodo. A tal estabilidade financeira conquistada após passar no concurso. O consultor, 35 anos, que não suporta mais lidar com ações vive bêbado.

Todos, mesmo não gostando do que fazem, seguem firmes e fortes na posição que estão. Imóveis. Todos tem a mesma desculpa: "tenho filhos para terminar de criar". Em alguns casos sofrem as variações de "eu tenho que ajudar a criar meu neto" Não apenas isso, colocam o peso de continuarem no sofrimento em doenças, nas famílias falidas. Na vida. Claro, muito mais fácil arranjar pretextos do que assumir a responsabilidade real do "eu não quero mais isso para a minha vida!"

Mudar é tão difícil, leva a terrenos vazios. Dá medo! MEDO! Muito medo. Enfrentar é ruim. Melhor esperar a aposentadoria. Aposentadoria...

Viver uma vida cheia de regras sem fundamentos, sem orgulho, sem alegria em nome do dinheiro? Da estabilidade? Da aposentadoria? Do medo de mudar?

Claro que quem muda perde muita coisa, mas quem abre mão do movimento também não perde muita história? Será que aquela professora, o médico, o jornalista, o contador, enfim, todas essas pessoas não encontrariam uma leveza na vida, além deste peso que  carregam diariamente?

Será que eles não conseguiriam alegrar e cuidar muito mais das suas famílias se mudassem? A tristeza só traz uma coisa para a vida, doença, brigas e tudo mais. A saúde vai embora e começa a aparecer uma coisa aqui e outra colá.

Esperar não adianta para quem já percebeu que o rumo da vida já não bom. Mudar, eu sei, não é fácil, porém é necessário em nome de uma coisa chamada VIDA, afinal ela passa muito rápido.

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Leia as demais crônicas da série Em Qualquer Rua.

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