sábado, 4 de abril de 2015

#QLQRUA: Tolerância e respeito acima de tudo

Há um tempo atrás ouvi no ônibus a conversa de uma senhora no telefone. Ela contava para a outra pessoa que a filha, pelo que entendi, adolescente havia lhe contado que era lésbica. A mulher contava de forma tão natural que pelo jeito não havia ficado chocada com a notícia. Mas o assunto gerou certa graça, quando ela, com voz fina, explicou que a única coisa que havia pedido para a filha era de que ela não namorasse nenhuma menina que fosse ladra, drogada, bebesse ou fosse traficante. Era engraçado pela forma em que ela disse aquilo. Não pela recomendação, pois acredito que ela é exatamente a dada por grande maioria dos pais.

Quem dera que todos os pais tivessem a mesma tranquilidade sobre o assunto tal como a mãe que descrevi acima. Que aceitou sem nenhum problema a sexualidade da filha. Na verdade eu gostaria que todos nós tivéssemos o discernimento que a mulher de voz engraçada teve.

Ela contou para a outra mulher o fato da filha gostar de meninas de forma tão normal, assim como uma mãe comentaria que o filho seguia sendo um bom aluno na escola. Não condenou, apenas fez aquilo que todo pai, mãe ou responsável faz: tem o filho como assunto principal nas rodas de conversas.

A mulher não tolerou a homossexualidade, aceitou e respeitou. Nada além disso, nada além do que todos deveriam fazer. Nesta semana ouvi no rádio que está tramitando uma lei que trata do tal "dia do orgulho hétero". No mês de dezembro do ano passado, saiu uma matéria sobre um pastor no Arizona (EUA) que sugeriu que apedrejassem os gays, assim se evitaria a disseminação do vírus HIV. Ora bolas, por que tanta hipocrisia?

Tem a bancada evangélica que quer boicotar a novela Babilônia, da Rede Globo, por causa do beijo dado pelas atrizes Fernanda Montenegro e Nathália Timber, que fazem um casal gay no folhetim.

E cada uma que sai na imprensa e nas redes sociais sobre a intolerância sexual que me assusto. Não somente com a violência que os homossexuais, bis e trans sofrem, todavia também com a regressão da nossa sociedade. Por vezes nos vejo com a mais desenvolvida tecnologia e com os povos vivendo na Idade Média. As cidades como grandes centros e as pessoas vivendo com pequenos feudos.

Acredito que a sexualidade de alguém não deva ser tema de polêmicas, debates, de boicotes, de motivo de violência. Cada um de nós tem que ter a liberdade de ser, querer e desejar o que quiser, sem ter a intervenção de ninguém. Em um País que os casos de corrupção são frequentes, que a edução está sucateada, que a saúde está precária, que a população carente ainda sofre e que o transporte público não funciona, levantar polêmicas sobre uma pessoa ser gay ou não é a coisa mais absurda que existe.

Mulher, homem, transexual... Todos devem ter direitos iguais a todos. Tolerância e respeito acima de tudo!

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