sábado, 12 de julho de 2014

#QLQRUA: A água levou o material, mas deixou a esperança

Barra do Guarita./ Foto: Sacha Rochele/Defesa Civil
Os olhos da pequena brilham quando viu nas mãos do voluntário um brinquedo. O jovem rapaz se aproxima da menina com um largo sorriso e entregou a ela a boneca. A pequenina agradeceu, abraçou o objeto e depois mostrou para a mãe. Linda, foi  o nome dado à boneca. O voluntário ainda entrega a mãe da criança uma sacola com arroz, feijão, milho, farinha, biscoitos e massa. E também, uma sacola maior com três mudas de roupa para ela, duas para o marido, quatro para a menina e três para o bebê, que dormia quietinho em um moisés improvisado. Assim como esta família havia outras, alojadas em um ginásio após a fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul e causou enchentes, na última semana.

O pouco que a família conseguiu resgatar da enchente foi algumas roupas, o computador do marido, parte de um armário, a televisão de 32 polegadas e o cachorro. Tudo foi perdido e a casa terá que ser refeita.

Para eles aquele era o pior momento que já haviam vivido. Copa do Mundo? Não, eles nem ao menos conseguiram assistir aos últimos jogos da Seleção Brasileira.  Nos pensamentos o que pairava era de preocupação. As crianças eram pequenas, a mais velha, a guriazinha que ganhou a boneca,  apenas três anos. O pai trabalha e não parou mesmo depois da tragédia. Não podia parar. A mãe estava de licença maternidade, e isso, de certa forma, era um alívio.

O casal considerou que o dia que tiveram que deixar a casa deles com as crianças foi o pior que já viveram. Foram dez anos de luta para construir o que tinham. Era pouco, mas era o que tinham conquistado. Agora era tentar de novo. Desistir, nunca, principalmente porque eles tinham dois motivadores: as crianças.

Nesta situação descrita acima estão vivendo outras centenas de famílias. Em 8 de julho, 1.528 pessoas estavam em abrigos oferecidos pelo governo, e 17.197 estavam em casas de parentes e amigos. Estima-se que 122 municípios estão em estado de emergência por causa das cheias, e 146 cidades foram atingidas. Sendo a Fronteira Oeste a região mais acometida. Até agora foram registrados dois mortos em virtude dos alagamentos.

Estas pessoas precisam muito de ajuda. O que a Defesa Civil pede são coisas tão simples. Comida, material de higiene e limpeza, cobertores e água. Por ironia, ou não, no momento água é o bem mais necessário. As doações podem ser feitas no Centro Administrativo, para quem estiver em Porto Alegre. Saiba mais aqui.

Espero que em breve a garotinha, seus pais e o irmão, assim como as demais famílias possam retomar suas vidas. De forma digna consigam fazer os reparos necessários em seus imóveis. Se a água levou embora o material, uma coisa tenho certeza que ela não levou: a esperança que eles têm de dias melhores.

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