sábado, 6 de junho de 2015

#QLQRUA: Rótulos

Apelido é uma coisa normal. Tem gente que gosta, outros não. Não vejo problemas com apelidos fofos e alguns característicos. Nada que soe ofensivo. Mas há coisa pior. Uma coisa chamada rótulo. Isso todo mundo detesta, mas tem muitas pessoas que adoram colocá-los nas testas aleias.

Pessoas fora do padrão têm mais rótulos que embalagem de maionese. Têm mais carimbos que passaporte de viajante. É tão fácil taxar alguém de alguma coisa do que apenas tentar entendê-la. Dias destes eu estava vendo a reportagem de um jovem bailarino. Menino, heterossexual. Tem namoradinha, mas é BAILARINO, vai estudar balé no exterior. Adivinha o que as pessoas acham que ele é? Gay. Não para por ai, acreditam que a namorada é uma forma que ele usa para esconder a sexualidade e etc. Sofre preconceito. Já foi chamado de bicha, viado e outras coisas. Sim, porque é mais fácil criticar e imaginar coisas sobre um garoto do que aceitar que ele fará sucesso mundo a fora dançando. Que ele preferiu as sapatilhas do que a bola de futebol.

A mesma coisa já ouvi de meninas que jogam futebol. Coisa de macho, logo, já da para saber do que elas são rotuladas, mesmo que muitas sejam casadas e tenham filhos.

Provavelmente tu que lês este texto já ganhou um rótulo pomposo colado da fuça. Eu mesma tenho alguns que odeio e faço questão de tirá-los.

Eu já tentei entender o que faz um colador de rótulos. Seria este um ser sem trabalho? Preocupação? Falta-lhe coisas para fazer, tipo lavar a louça?

Pior que nada disso. Em geral são pessoas que trabalham, tem tarefas diárias, famílias para cuidar, mesmo assim sobra um tempinho para dar pitaco sobre as vidas dos outros. Sobra um tempinho para dar aquele palpite sobre algo e sobre alguém.

Muitas vezes é sem maldade, mas é pela mania mesmo. E não pense que o rotulado não cola os selinhos de "eu acho isso de você" por ai. Ele cola, muitas vezes. Como escrevi anteriormente é uma mania social. Mania do abelhudo.

Enquanto a mania não cessa, resta a quem recebê-lo retirá-los pacientemente e jogá-los fora. Enquanto se espera que a educação e a tolerância passe a ser mais rotineira.

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Obá! Crônica de número 49 \o/  Leia as demais da série Em qualquer rua aqui.

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