sábado, 10 de outubro de 2015

#QLQRUA: Com passos de diva e com a certeza de que amor não mata

Imagem: Bridal Perfume
Um coração partido sempre deixa o dono triste, mas ela não queria mais sentir aquilo, aquela angustia era muito ruim. Quem ele achava que era para tratá-la daquele jeito? Sem paciência para o chororo, decidiu menos de 12 horas depois de acabar o relacionamento sério de uma semana que não iria mais ficar na fossa, mesmo que o amor da sua vida tivesse batido as asas e voado para longe dela.

Levantou da cama, enxugou as lágrimas, ligou o rádio, de short e camiseta de mangas longas, peças do pijama branco de desenhos coloridos, passou a dançar num misto de liberdade, passos esquisitos e uma doce sensualidade. Cantarolando a canção de ritmo alegre, foi ao roupeiro escolheu uma camisa verde, pegou as calças jeans justas e que tem efeito levanta bumbum, abriu a gaveta e pegou o sutiã colorido e uma calcinha que não marca a roupa, passou a mão na toalha de banho e foi para o banheiro sem perder o ritmo da música que tocava.

Em baixo do chuveiro teve uma crise de choro, acompanhada de uma crise de riso. Decidiu que enfrentaria aquela dor, até porque chorar enruga a pele (nota desta autora: chorar incha o nariz). Tomou um banho morno, o banheiro virou sauna. O cheiro daquele ambiente era o mais agradável possível. Sair dali era um suplício, de tão gostoso que estava.

Vestida, saiu do banheiro em busca de um par de sapatos, pensou melhor, pegou o tênis. Voltou para o quarto esticou o lençol e pôs a colcha. Sentou na penteadeira, se olho novamente no espelho, na sua mente passava a seguinte frase "sou bonita, inteligente, se ele não quis, problema dele, eu supero". Tal pensamento passou quando no rádio tocou uma playlist especial, sendo que parecia que as músicas haviam sido escolhidas a dedo para ela. Ali sentada, com direito a balançadas de cabelo e dancinhas de ombro, ela passou o corretivo para tapar as olheiras, pó para tirar um pouco da oleosidade da pele, um blush para dar uma corzinha as bochechas.

Nos lábios o batom vermelho. Penteou os cabelos, deixou-os soltos. Pegou o seu perfume predileto, aquele que quando usa arranca suspiros. Passou no pescoço, na nuca, entre os seios, nos pulsos. Sentiu o seu perfume.

Pronta, levantou, abriu as janelas, desligou o rádio, pegou os fones, ligou o rádio do celular, botou os óculos escuros, passou a mão na chave e saiu.

Na rua, saiu com atitude, jeito de quem está no comando, atraiu olhares de homens e mulheres, sedutora sem ser. Saiu por aí, com passos de diva, tentando mostrar ao mundo que ela era especial, e a dor do amor, pode até doer, mas não mata e passa.

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São 62 crônicas da série Em qualquer rua e todas podem ser lidas aqui. #RumoA70Crônicas

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