O homem morto demonstrava que estava bem vestido na hora que
em que foi brutalmente assassinado. Suas roupas estavam rasgadas, o rosto
estava desfigurado, os pulsos amarrados e no pescoço marcas de dentes. Quem
fora o cruel a cometer aquela barbaridade?
A polícia quando chegou a praça colheu depoimentos de quem
estava ali. Isolou o local e chamou-se a perícia. A cena do crime deveria se
manter intacta. No boca a boca corria que o assassino só poderia ser um
lobisomem. Outras pessoas, contudo, diziam que o ataque tinha sido de vampiro.
O medo começou a se instalar e nunca antes as pessoas tinham procurado tanto
por livros sobre personagens lendários. Alguns até passaram a sair armados de
casa, com alho e crucifixo. E os mais exagerados tinham também estacas de
madeira.
Os dias foram passando e a localidade voltou a ter aos
poucos sua rotina normal, mas alguns repórteres ainda transitavam pela rua,
principalmente na praça, onde foi encontrado o corpo. Para a polícia o mistério
continuava, principalmente porque não se sabia a identidade da vítima, nem o
que foi motivo para ele ser morto daquela forma.
Os moradores da Rua da Praça ainda estavam espantados com o
crime. Assim como a polícia, ninguém tinha ideia de quem poderia ser aquele
homem. Todos estavam muito preocupados, com exceção de três pessoas.
Jurandir era um velho agricultor que morava em uma pequena
casa. Largou o campo para poder cuidar da filha que tinha câncer pulmonar. Com
o falecimento da menina, ele se tronou depressivo e frio. Era um homem com
poucos amigos, e as más línguas diziam que ele enlouqueceu. Jurandir observou
tudo o que ocorreu naqueles dias através de uma fresta da janela da sua casa.
Maria Aparecida era do tipo que dizia que não temia nada.
Vivia em um imóvel aparentemente simples e do passado dela ninguém sabia nada.
Alguns comentavam que Maria Aparecida havia sido presa por matar o marido e
depois esquartejá-lo. O fato é que ela nunca negou o caso. Alguns fofoqueiros,
mais alarmistas, diziam que a mulher bebeu o sangue do finado marido após tê-lo
matado. Porém, tudo não se passavam de boatos de vizinhança e que não se sabe se
as informações eram legítimas.
O terceiro, contudo, não era nenhum suspeito padrão. Diego
era do tipo cara “brother”, amigo de todos. Vivia em uma casa bastante
movimentada. O jovem morava com os pais, a irmã, o cunhado (no qual ele não
simpatizava), duas sobrinhas e uma prima (que tinha sido namorada dele na
adolescência). Enquanto todos comentavam sobre o assassinato, ele dava de
ombros e dizia: _ Vou me preocupar, por quê? Eu nem sei quem era o dito cujo.
#Conto
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