sábado, 9 de agosto de 2014

#QLQRUA: O olhar

Imagem da internet
O olhar dela para ele gera dúvida. Não nele, mas nela mesma. Ele tem certeza e demonstra isso no olhar. Quando os dois olhos se veem mandam recados uma para outro. Um avisa não chega perto, não sei o que quero. O outro avisa eu sei que te quero, mas não sei se tão perto, tenho medo.

Ora em meio a essa indefinição do jovem futuro casal quem observa a cena dá aquela olhadinha para cima e larga um aff (como se ela mesma nunca tivesse passado por aquilo um dia). Acha tudo uma perda de tempo.

Do lado se concentra um pequeno grupinho de amigos que ao verem tudo que acontece conversam e tecem comentários, porém sem abrir a boca apenas, adivinhe, com os olhos.

Sim, meus caríssimos a crônica de hoje é sobre um mecanismo que aprendemos a usar antes mesmo da fala, o olhar.

Quem nunca fez a carinha do Gato de Botas do Shrek  que atire a primeira pedra. Os olhos comunicam muito e em muitas vezes falam melhor que nossas bocas. O olhar que emitimos para alguém para salvar nossas peles, para comentar algo que achamos esquisito ou simplesmente como arma de sedução é uma arte primária que dominamos ainda pequenos.

Olhas pidão. 
Engana-se quem lembra dos olhos apenas com a função de enxergar. Costumo dizer que eles tem uma missão muito maior. Muitas vezes é com eles que emitimos nossos pensamentos. Incluindo aquele que não queríamos de forma alguma que fosse exposto.

Muitos poemas que li falavam da beleza dos olhos, mas poucos mencionam a importância do olhar. Olhos e olhar não são a mesma coisa. Olhos são aquilo que usamos para ver, o olhar que usamos para nos comunicar. Quando estamos felizes nossos olhos brilham, dirão. Correto, mas o que aquele brilho demonstra? Que estamos felizes, ou seja, aquele brilho é uma forma sutil de olhar.

Mas lembre-se, um olhar pode ser demasiadamente revelador. Assim como também esconder muita coisa. Nos olhares podemos perceber diferentes personalidades das pessoas e até mesmo dos bichos. Ninguém tem o olhar igual ao mesmo tempo que todos tem muitas singularidades.

Para finalizar uso uma frase do poeta Mário Quintana.
"Quem não compreende um olhar, 
tampouco compreenderá uma longa explicação."
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Leia as demais crônicas da Série Em qualquer Rua.


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